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Brincando de aprender (Parte 3)

Produzir e editar filmes com celulares pode ser divertido, estimula o aprendizado e afirma valores culturais

Por Fernanda Martins e Lia Rangel


As gargalhadas podiam ser ouvidas do lado de fora da sala de aula que, com portas e janelas fechadas, foi transforma em cinema na Escola Jatobazinho, uma das poucas instituição de ensino existente ao longo das margens do rio Paraguai que cruzam as vastas áreas do município de Corumbá. Para chegar lá, a equipe do Memórias do Futuro teve de enfrentar uma viagem de 3 horas a bordo de uma barco rumo ao meio do Pantanal.  As crianças que naquele momento se divertiam assistindo aos vídeos nos quais elas eram protagonistas, vivem ali em regime de internato. Durante seis meses, elas dormem, comem, estudam e, principalmente, brincam, acompanhadas pelos professores e tutores que também moram na escola. Os pais  e familiares vem visitá-las quando é possível.

Alexandre Basso e Everson Tavares, o Pyro, estudante de jornalismo e integrante da Caravana Tecnobrincante, estavam em Jatobazinho com a missão de mostrar à comunidade daquela escola o resultado do trabalho realizado pela equipe de jovens produtores audiovisuais. Entre os vídeos, um dos mais belos registros do projeto: o duelo entre dois alunos da escola batizado de “Antônio versos Jéssica”. O menino e a garota se enfrentam com a língua afiada por estrofes bem rimadas que animam a meninada. A brincadeira é passa-tempo preferido de muitos ali.

Ao se reconhecerem no vídeo, a algazarra é geral. As crianças não tem televisão porque a energia elétrica é escassa. O acesso às tecnologias da informação para eles é coisa rara, por isso, a visita da equipe do Memórias do Futuro, que permitiu o livre o acesso a celulares com câmeras, computadores, telas e projetores, foi recebida com pompa de grande atração. A equipe de educadores da escola também aprovou a produção e transmissão dos vídeos. Francisca de Oliveira, professora, afirma que a brincadeira é fonte muito rica para se conhecer as crianças desta comunidade que vivem em internato, longe do convívio cotidiano com os familiares.

“A gente tem de se encharcar do conhecimento que eles tem. Temos de nos despir dos preconceitos e conceitos, de tudo o que temos por certo, para nos adequar à comunidade e ao conhecimento que as crianças trazem. E por meio da brincadeira elas revelam coisas que nos transportam para outro universo”, revela. Outra professora da escola, Michele Gomes, destaca que a possibilidade das crianças documentarem seus próprios registros  fazem com que elas fiquem vidradas nas atividades e se sintam reconhecidas e valorizadas. A opinião vai de encontro ao propósito dos idealizadores do Memórias do Futuro ao introduzirem o uso de celulares e outros recursos digitais no projeto por considerarem que tecnologia é ferramenta que estimula a imaginação, a criação, a transformação social e que pode ser usada para tornar o aprendizado diário mais divertido.

 


Fonte: www.educacaoeculturadigital.com.br

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